MIGUEL RUSSOWSKY
( Brasil – RIO GRANDE DO SUL )
Miguel Russowsky nasceu em Santa Maria (RS) em 21 de junho de 1923, 4º. Filho (com mais cinco irmãos) de Jacob e Eva Russowsky, emigrados da Rússia, com oito e quatro anos, repectivamente.
Fez primário em Jaguary, Colégio São José, e secundário e pré-médico no colégio marista Santa Maria.
Em 1940 foi um dos aprovados no Vestibular de medicina da UFRGS e aos 16 anos entrou para a faculdade e
obteve o diploma de médico em 1946. Trabalhou oito meses em Jacutinga (Erechim) e em 1948 veio a Joaçaba onde se radicou. Exerce a medicina desde esta data e com o fechamento do Hospital Vicenza Pagnoncelli, onde trabalhou 14 anos, ajudou a construir o Hospital Santa Terezinha e em 1963, iniciou os trabalhos em seu próprio hospital (São Miguel onde com o apoio de vários médicos equipou-se a ponto de ser o melhor do estado, tratando-se de iniciativa particular.
Casou-se com Vitória Toaldo (de Capinzal) tem quatro filhos, um falecido, dois são médicos e uma é bioquímica, formados na mesma Universidade de Porto Alegre e presentemente estão no mesmo hospital, prestando serviços.
Sempre praticou a poesia clássica como passatempo e mercê dos inúmeros prêmios nesta arte, foi convidado e é membro de duas academias onde a poesia propondera.
Publicou nove livros (Teatro e Poesia) e já obteve o Prêmio, com Cadeira de Balanço, o melhor livro de poesia 1996.
Duas vezes convidado de honra da Academia de Letras de Santa Catarina, e obteve homenagem especial sem S. Maria, pelo mesmo motivo.
Autor do hino de Joaçaba (e do cinquentenário) nas letras destes. Foi duas vezes campeão Catarinense de xadrez, quatro vezes empatado no primeiro lugar e 11 vezes vice-campeão.
Construiu (em sociedade na ocasião), os dois maiores prédios da cidade, e é cidadão Honorário de Joaçaba.
Em 1956 inaugurou o Cine Vitória, o maior do estado, com 1830 lugares. É um dos dois sócios da Empresa Arco-Íris de Cinema, com casa exibidora em RS, SC, PR r Fortaleza.
Aos 83 anos aposentou-se e, desde então, só se dedica à literatura.
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BERNY, Rossyr, org. Poetas pela Paz e Justiça Social. Coletânea Literária. Vol. II. Porto Alegre: Alcance, 2010. 208 p. ISBN 978-85-7592-098-5
Ex. biblioteca de Antonio Miranda – doação do amigo (livreiro) Brito – DF. No. 10 249
Importante: existem mais poemas do que os apresentamos aqui, neste livro tão bem apresentado, vale a pena conferir...
Exemplar na biblioteca de ANTONIO MIRANDA.
Sou bom anfitrião
A solidão deitou-se e quis a minha cama.
As duas se dão bem. A casa é toda delas.
Se põem a conversar. São duas tagarelas.
Não podendo intervir, ouvi-las é meu drama.
Queixar-se?... sim. Sabem bem. E desfilam mazelas,
Filhas do desamor que a vida lhes programa.
De vez em quando, o sonho alguma cousa trama
Mas se torna incolor em horas paralelas.
E sem convite algum, ultimamente a insônia
Começa a intrometer-se e o faz sem cerimônia
Com suas sugestões de pérolas e lodos.
E o relógio se põe a cuidar a parede.
E a brisa, bem de leve, embala-se na rede.
Sou bom anfitrião e acolho bem a todos.
Insônia
É mister desarmar a Tristeza vazia
E exaurir dona Insônia em festivais da bruma.
Alguém deixou seu nome escrito numa pluma
(faz tanto tempo já)... sumiu na ventania.
E Ilusões a morrera de fraqueza, uma a uma?
E os Porquês, desfilando em minha agenda fria?
E o Depois a pedir que lhe dê anistia?
nenhum dos Amanhãs na Solidão se apruma)
A Velhice, esta sim, tem aureolas de luto.
O Amor não a salvou, nem quis deixar-lhe um fruto,
Preferiu asfixiá-la em uma campa torta.
E a Saudade a roer sem fazer cerimônia?!
E os relógios hostis dando palmas à Insônia?
E o bocejo a velar uma Esperança morta?!
Funeral da tarde
A tarde vai morrer... Assisto ao funeral
Querendo descrevê-la em versos de agonia.
Badala um sino, ao longe, a voz da “Ave Maria”
E o choro em cada rima, agora. É mais real.
Eu sei que a morte tem tristezas por aval,
E adeuses, aos milhões, fazendo parceria.
Lágrima, para mim, nunca foi covardia,
Foi e sempre será, poesia integral.
— Um crepúsculo dói! — quem diz isso é poeta.
— E velhice também! — meu bom senso completa.
Uma estrela no céu, aos poucos se ilumina,
E nasce a noite azul cheinha de ninguéns.
E os nadas no céu, aos poucos se ilumina.
E tu - ó solidão! – és parte da rotina.
Sozinhês
“Sozinhês” quer dizer estar sozinho.
Daí no mesmo dizer-se Solidão.
(São iguais, mas não rimam, sei que não.
Mas os três me escolheram como ninho).
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Página publicada em maio de 2025
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